“Por vezes sinto que aquilo que faço não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.” Madre Teresa de Calcutá


"Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei! Eis que habitáveis dentro de mim, e eu, lá fora, a procurar-Vos! Disforme, lançava-me sobre estas formosuras que criastes. Estáveis comigo e eu não estava Convosco! Retinha-me longe de Vós aquilo que não existiria, se não existisse em Vós. Porém, chamastes-me, com uma voz tão forte, que rompestes a minha Surdez! Brilhastes, cintilastes, e logo afugentastes a minha cegueira! Exalastes perfume: respirei-o, a plenos pulmões, suspirando por Vós. Saboreei-Vos e, agora, tenho fome e sede de Vós. Tocastes-me e ardi, no desejo da Vossa Paz"

Santo Agostinho

segunda-feira, 7 de abril de 2014

ARVOREANDO ( Padre Fábio de Melo)

"Uma das coisas que eu acho fascinante em Jesus é a capacidade que ele tinha de encontrar no meio da multidão as pessoas. Quando ele era capaz de reconhecer em cima duma árvore um homem, descobrir nele um amigo. Bonita uma amizade que nasce a partir da precariedade. Quando você chega desprevenido, o outro viu o que você tem de pior, e mesmo assim ele se apaixonou por você. Amor concreto, cotidiano, diário. Jesus se apaixonava assim pelas pessoas e as tornava suas amigas. Trazia pra perto dele. É fascinante olhar para a capacidade que esse homem, que esse Deus tem, de investigar a miséria do outro e encontrar a pedra preciosa que está escondida. Isso é Páscoa. Isso é ressurreição. E quando no sepulcro do nosso coração alguém descobre um fio de vida, e ao puxar esse fio de vida faz com que a gente se torne melhor. Ô minha gente! Não há nada mais bonito do que você ser achado quando você está perdido. Não há nada mais bonito que você ser encontrado no momento em que você não sabe pra onde ir, nem onde está. O amor humano tem a capacidade de ser amor de Deus na nossa vida por causa disso. Por que ele nos elege. Por isso que é bom a gente ter amigos. Porque na verdade as pessoas amigas, elas antecipam no tempo aquilo que nós acreditamos ser eterno. Quando elas são capazes de olhar pra nos e descobrir o que temos de bonito, mas que às vezes costuma ficar escondido por trás daquilo que é precário. Por isso é que eu agradeço muito a Deus pelos amigos que eu tenho. Pelas pessoas que descobriram o que eu tenho de pior, uma coisinha que eu tenho de bom, e mesmo assim continuam do meu lado. Me ajudando a ser gente, me ajudando a ser mais de Deus. Ajudando a buscar dentro de mim a essência boa que a gente acredita que Deus esqueceu em cada um de nós. Ter amigos, como dizia meu amigo gaúcho Maninho, é como arvorear. Lançar galhos, lançar raízes, pra que o outro, quando olhe a árvore, saiba que nós estamos ali. Que nós permanecemos pra fazer sombra; para trazer ao outro o pouco do aconchego que às vezes ele precisa na vida. Arvorei, crie árvores, seja amigo!"

domingo, 9 de agosto de 2009

Lugares marcantes




Há lugares que marcam nossas vidas.....
Tive uma infância muito feliz. As férias eram sonhadas meses antes e ainda era comum "a casa da Vovó", que atualmente, para muitos nunca existiu, ou então transformou-se em "apartamento da Vovó"!Coloco aqui, dois verdadeiros cartões postais: a casa da minha avó e o coreto da cidade onde ela morava. Atualmente vou lá com frequência bem menor, mas na infância, passávamos todos lá os meses de férias escolares (julho, dezembro, janeiro e fevereiro). Tempos que não voltam mais....

domingo, 12 de julho de 2009

O inacabado que há mim

Eu me experimento inacabado. Da obra, o rascunho. Do gesto, o que não termina. Sou como o rio em processo de vir a ser. A confluência de outras águas e o encontro com filhos de outras nascentes o tornam outro. O rio é a mistura de pequenos encontros. Eu sou feito de águas, muitas águas. Também recebo afluentes e com eles me transformo.
O que sai de mim cada vez que amo? O que em mim acontece quando me deparo com a dor que não é minha, mas que pela força do olhar que me fita vem morar em mim? Eu me transformo em outros? Eu vivo para saber. O que do outro recebo leva tempo para ser decifrado. O que sei é que a vida me afeta com seu poder de vivência. Empurra-me para reações inusitadas, tão cheias de sentidos ocultos. Cultivo em mim o acúmulo de muitos mundos.
Por vezes o cansaço me faz querer parar. Sensação de que já vivi mais do que meu coração suporta. Os encontros são muitos; as pessoas também. As chegadas e partidas se misturam e confundem o coração. É nessa hora em que me pego alimentando sonhos de cotidianos estreitos, previsíveis.
Mas quando me enxergo na perspectiva de selar o passaporte e cancelar as saídas, eis que me aproximo de uma tristeza infértil. Melhor mesmo é continuar na esperança de confluências futuras. Viver para sorver os novos rios que virão. Eu sou inacabado. Preciso continuar.
Se a mim for concedido o direito de pausas repositoras, então já anuncio que eu continuo na vida. A trama de minha criatividade depende deste contraste, deste inacabado que há em mim.
Um dia sou multidão; no outro sou solidão. Não quero ser multidão todo dia. Num dia experimento o frescor da amizade; no outro a febre que me faz querer ser só. Eu sou assim. Sem culpas.

(Padre Fábio de Melo)

sábado, 11 de julho de 2009

MATAS CILIARES

"O processo de ocupação do Brasil caracterizou-se pela falta de planejamento econseqüente destruição dos recursos naturais, particularmente das florestas. Aolongo da história do País, a cobertura florestal nativa, representada pelosdiferentes biomas, foi sendo fragmentada, cedendo espaço para as culturasagrícolas, as pastagens e as cidades.A noção de recursos naturaisinesgotáveis, dadas as dimensões continentais do País, estimulou e aindaestimula a expansão da fronteira agrícola sem a preocupação com o aumentoou, pelo menos, com uma manutenção da produtividade das áreas já cultivadas.Assim, o processo de fragmentação florestal é intenso nas regiões economicamentemais desenvolvidas, ou seja, o Sudeste e o Sul, e avança rapidamente para oCentro-Oeste e Norte, ficando a vegetação arbórea nativa representada,principalmente, por florestas secundárias, em variado estado de degradação,salvo algumas reservas de florestas bem conservadas. Este processo de eliminaçãodas florestas resultou num conjunto de problemas ambientais, como a extinção devárias espécies da fauna e da flora, as mudanças climáticas locais, a erosão dossolos e o assoreamento dos cursos d'água.Neste panorama, as matas ciliaresnão escaparam da destruição; pelo contrário, foram alvo de todo o tipo dedegradação. Basta considerar que muitas cidades foram formadas às margens derios, eliminando-se todo tipo de vegetação ciliar; e muitas acabam pagando umpreço alto por isto, através de inundações constantes.Além do processo deurbanização, as matas ciliares sofrem pressão antrópica por uma série defatores: são as áreas diretamente mais afetadas na construção de hidrelétricas;nas regiões com topografia acidentada, são as áreas preferenciais para aabertura de estradas, para a implantação de culturas agrícolas e de pastagens;para os pecuaristas, representam obstáculos de acesso do gado ao curso d'águaetc.Este processo de degradação das formações ciliares, além dedesrespeitar a legislação, que torna obrigatória a preservação das mesmas,resulta em vários problemas ambientais. As matas ciliares funcionam comofiltros, retendo defensivos agrícolas, poluentes e sedimentos que seriamtransportados para os cursos d'água, afetando diretamente a quantidade e aqualidade da água e conseqüentemente a fauna aquática e a população humana. Sãoimportantes também como corredores ecológicos, ligando fragmentos florestais e,portanto, facilitando o deslocamento da fauna e o fluxo gênico entre aspopulações de espécies animais e vegetais. Em regiões com topografia acidentada,exercem a proteção do solo contra os processos erosivos.Apesar dareconhecida importância ecológica, ainda mais evidente nesta virada de século ede milênio, em que a água vem sendo considerada o recurso natural maisimportante para a humanidade, as florestas ciliares continuam sendo eliminadascedendo lugar para a especulação imobiliária, para a agricultura e a pecuária e,na maioria dos casos, sendo transformadas apenas em áreas degradadas, semqualquer tipo de produção.É necessário que as autoridades responsáveis pelaconservação ambiental adotem uma postura rígida no sentido de preservarem asflorestas ciliares que ainda restam, e que os produtores rurais e a população emgeral seja conscientizada sobre a importância da conservação desta vegetação.Além das técnicas de recuperação propostas neste trabalho, é fundamental aintensificação de ações na área da educação ambiental, visando conscientizartanto as crianças quanto os adultos sobre os benefícios da conservação das áreasciliares.A definição de modelos de recuperação de matas ciliares, cada vezmais aprimorados, e de outras áreas degradadas que possibilitam, em muitoscasos, a restauração relativamente rápida da cobertura florestal e a proteçãodos recursos edáficos e hídricos, não implica que novas áreas possam serdegradadas, já que poderiam ser recuperadas. Pelo contrário, o ideal é que todotipo de atividade antrópica seja bem planejada, e que principalmente a vegetaçãociliar seja poupada de qualquer forma de degradação.As matas ciliaresexercem importante papel na proteção dos cursos d'água contra o assoreamento e acontaminação com defensivos agrícolas, além de, em muitos casos, se constituíremnos únicos remanescentes florestais das propriedades rurais sendo, portanto,essenciais para a conservação da fauna. Estas peculiaridades conferem às matasciliares um grande aparato de leis, decretos e resoluções visando suapreservação."

Fonte resumida: Recuperação de matas ciliares. Sebastião Venâncio Martins.Editora Aprenda Fácil. Viçosa - MG, 2001.

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